Temos a ideia de que apenas ferimentos físicos causam danos ao nosso corpo, que levam tempo para cicatrizar e que precisam de atenção e cuidados para que não se agrave.
Seria bom demais se somente essas feridas existissem, mas o fato é que muitas vezes passamos por certas situações que nos provocam um choque e consequentemente carregamos traumas por um longo período ou até mesmo pela vida toda, tudo porque não temos o entendimento de que a perda, o desprezo, o fracasso, o abuso, a violência, causam feridas tão profundas e devastadoras como um corte profundo e extremamente doloroso.
As feridas emocionais são muitas vezes piores que as feridas físicas, elas ficam encobertas por camadas e mais camadas de “proteção”, nós mesmos as criamos para manter o maior distanciamento possível delas e assim, vivemos supostamente bem.
O nosso corpo é inteligente o bastante para nos colocar em contato com elas sempre que puder, como uma forma de lembrete, para que seja feito um “tratamento”, para que seja providenciada a “limpeza e purificação”.
Esse processo de cicatrização não é algo fácil, é como cutucar a ferida muitas vezes, é sentir dor para só então conquistar o alívio tanto esperado, isso pode levar meses, anos ou décadas, o mais importante é tratar.
E quando saberemos se realmente cicatrizou?
Quando lembrarmos ou falarmos sobre os traumas vividos, estes já não poderão mais nos fazer chorar, sentir dor, contaremos nossa história de uma maneira mais “didática”, como uma lição dura da vida, a dor da ferida já não mais existirá, mas a cicatriz, essa sim ficará lá para lembrarmos dessa vivência não tão boa e também para mostrar que estamos fortalecidos depois de um período difícil.